sábado, 12 de abril de 2008

Maré - Nossa História de Amor

Bom, pra quem não sabe, sou fã de musicais, e esse foi o principal motivo para eu assistir "Maré - Nossa História de Amor", que, até onde eu me lembre é o primeiro musical brasileiro. E música não falta no filme, toca samba, hip hop, rap, funk e até música clássica, porém essa mistura acaba atrapalhando o filme, principalmente os raps que não têm a mesma qualidade que as outras músicas, e são utilizados apenas como narrativa, quebrando totalmente algo que é essencial a um musical, o ritmo.

Além da quebra de ritmo, a inspiração do roteiro em Romeo & Julieta, acaba deixando o filme a sombra de outro musical baseado no livro de Shakespeare, "Amor, sublime amor" (West Side Story), o que resulta é claro em comparações. Comparações essas que se tornam óbvias pois a cena do primeiro baile funk é fortemente inspirada no baile de mambo de "Amor, sublime amor", a cena que antecede a tragédia (sim, tragédia, como não haveria de ser num filme baseado em Shakespeare) também lembra muito a dança/luta de "Amor, sublime amor" (não sei, talvez esteja errado, mas algo no cenário me fez pensar assim).

Esquecendo "Amor, Sublime amor" acabamos vendo outras influências, desta vez do cinema nacional, quando colocam no filme um quê de "Cidade de Deus", nas cenas que mostram a favela (tem até a galinha), e uma ponta de Tropa de Elite com policiais corruptos. Acho que a favela é um bom cenário para um musical, mas essa insistência de colocar os problemas sociais explicitamente acaba destoando do resto do filme.

Mas o maior problema ao meu ver é o roteiro, os personagens não são nada mais do que seus "equivalentes" de Romeo & Julieta, o trailer dava a entender que a construção deles seria mais interessante. Só que de diferente mesmo, só as cenas que já estão no traile, de resto são Cappuletos e Montequios. Pra ser justo existe um personagem (quase) bem construído, a professora de dança interpretada pela Marisa Orth. Além disso, o roteiro deixa a mesmo a desejar no final, ao tentar reconstruir a tragédia Shakesperiana.

E pra não dizer que eu só falei mal, algumas cenas merecem destaques, que mostra o caminho para a praia é ótima, principalmente pra quem conhece o Rio, mas a cena da praia é um desastre. Porém é logo compensado pela melhor cena do filme, a dança na linha vermelha, essa sim é impecável, faz tudo que o filme se propõe a fazer, e da maneira correta, mostra o contraste favela/asfalto, retrata problemas sociais, é musicalmente interessante e a dança encaixa-se perfeitamente.

Apesar de todos os problemas o filme tem ótimas músicas (se tirarem os raps e considerarmos só as músicas) e ótima dança. Não é nada a mal para o que talvez seja o primeiro musical feito no Brasil.

Trailer

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